sábado, 21 de abril de 2018

Merci, Arsene! Foi (quase tudo) culpa sua!

Foi culpa sua inovar a Premier League e suas contratações
Foi culpa sua se classificar por 20 anos seguidos a Champions League
Foi culpa sua ser o único a comandar um clube ao título invicto da Premier League
Foi culpa sua ser o único a vencer a Premier League contra o United de Ferguson em seu auge
Foi culpa sua mudar o Boring Arsenal para o Arsenal encantador
Foi culpa sua fazer o mundo se apaixonar pelo Arsenal
Foi culpa sua e de Kroenke ter ficado mais do que o necessário no cargo
Foi culpa sua e de Kroenke sua saída ser mais comemorada do que lamentada
Foi culpa sua e de Kroenke a fila de títulos relevantes
Foi culpa de Kroenke o time ter ficado sem dinheiro por quase 10 anos
Foi culpa de Kroenke perdemos nossas estrelas para os rivais


Ele se foi. Arsene foi lendário no comando do clube, um homem destinado a levar o Arsenal pra frente desde o dia em que nasceu. Foram trabalhos incríveis nesses 22 anos a frente do clube. Na segunda temporada, conquistou a Premier League e a Copa da Inglaterra, além da Supercopa da Inglaterra. 

Durante seu auge, Wenger foi o único treinador a vencer a Premier League contra o poderoso United de Ferguson em sua sequência de títulos mais impressionante. Não uma, mas 3 vezes em 97-98, 01-02 e 03-04. O único a vencer a Premier League de forma invicta, com o time que fez você, eu, e todos os brasileiros que amam futebol se apaixonarem pelo Arsenal de Henry, Bergkamp e Vieira, um dos melhores times da história do futebol mundial. Em 21 (ao fim dessa temporada 22) anos, e somente na temporada passada o Arsenal ficou fora da Champions League, algo incrível, afinal em um campeonato com tantos postulantes ao título, ficar geralmente entre os 4 primeiros foi muito complicado, mas ele conseguiu.



O declínio do clube não foi exclusivamente culpa de Arsene, a mudança do Highbury pro Emirates foi o ponto que impediu o Arsenal de continuar no seu caminho vitorioso. No começo do século decidimos trocar de estádio e como Wenger disse, a maior decisão da história do Arsenal (na minha opinião a segunda). Depois de 2 anos sem dinheiro para começar a construir, a Emirates chegou como parceira e o estádio começou a sair do papel, ao custo de 600 milhões de euros. 

Em 2006, o Arsenal passou a mandar seus jogos no Emirates, uma casa maior, mais moderna, e muito mais cara. Durou quase uma década o sofrimento, Arsene trazia um jovem jogador, o transformava em um craque e o perdíamos para United, City, Chelsea e Barcelona. Perdíamos Fabregas, van Persie, Cole e contratávamos jogadores muito inferiores, pois não podíamos prometer um time campeão tendo que usar o dinheiro para pagar o estádio, então os jogadores chegavam, ganhavam experiência, mudavam de patamar e queriam títulos, e isso o Arsenal não podia oferecer. Mesmo assim ele conseguia manter o clube entre os classificados para a UCL, coisa que nem Chelsea e United, nossos rivais mais ferrenhos nesses anos conseguiram. E o fez com Chamach, Bendtner, Squilacci, Djourou e tantos outros jogadores que não jogariam nem o campeonato estadual no Brasil. Por quase 17 anos ele mereceu todos os créditos por ter inovado a Premier League na forma de jogar, nas contratações estrangeiras, porém a gratidão durou mais do que precisava

Depois disso, foram erros seguidos de Arsene, Kroenke, Gazidis e companhia. O estádio está pago, o clube é o que fatura mais em dias de jogo (ingresso, estacionamento, alimentação, souvenir) no MUNDO. Temos contratos bons, não tão bons quanto o de alguns rivais e Kroenke não põe dinheiro no clube, como fazem por aí. Nos últimos anos mereceu as críticas e a perda do cargo. Se tornou ultrapassado, sem pulso e sem nenhuma noção de como arrumar sua defesa que entrega mais bolas do que o Rodrigo Caio, não ter conseguido desde a saída de Crazy Jens UM goleiro de confiança, deixar o contrato de suas principais estrelas chegarem ao último ano e perder de graça ou por muito menos do valor de mercado, a apatia em campo, no banco e no conselho, que não se importavam com os vexames, ser terceiro ou quarto não adiantava mais.

O rebuild é doloroso, mas foi feito sem que muitos soubessem das mudanças estruturais. Sven Mislintat e Raul Sanllehi chegaram nessa temporada e com isso, sabíamos que seria o último contrato de Arsene e acredito que o objetivo era que cumprisse até o final (18-19), mas os vexames na Premier League 17-18 não acabam nunca e não houve outra opção que não fosse a saída 1 ano antes do previsto. Concluir negócios em ano de Copa é complicado e o clube sabe que precisa contratar 4-5 jogadores e vender ao menos 2.

As opções mais fortes para assumir o Arsenal são Allegri (Juventus), Low (Alemanha), Jardim (Mônaco) e Vieira (NY City), mas não se surpreendam se no final aparecer um talentoso treinador da Bundesliga. O fato é que o próximo treinador não terá um legado e nem o nome, para se perpetuar no clube. Apenas desempenho em campo e resultados garantirão seu futuro.

Precisamos de alguém para ajeitar a nossa defesa, pelo menos 1 goleiro, 1 zagueiro, 1 volante e 1 ponta e que além de arrumar a cozinha, tragam força de vontade ao elenco, chega de apatia em campo.

Apesar de tudo, muito obrigado Arsene Wenger, foi sua a culpa de quase todos os meus sentimentos pelo Arsenal.